Elementos de uma cosmopercepção cristã
“… pois a nossa luta não é contra seres humanos, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais.” Ef 6:12.
O termo ‘cosmovisão’ pode se referir ao conceito da epistemologia alemã que trata da construção, estrutura e dinâmica da ‘visão de mundo’ de cada pessoa ou coletivo. Não é um conceito fácil de definir, visto que diferentes correntes apresentam ideias diversas. Inegável, porém, é a importância dessa visão na motivação, julgamento, escolha e perseverança das pessoas. Já no século 18 estabeleceu-se a ideia de que a linguagem tem íntima conexão com a visão de mundo. Nesse sentido, a expressão original alemã, Weltanschauung, supera a nossa tradução porque traz a ideia de percepção ou opinião. Por outro lado, a nossa expressão inclui o significando ‘cosmo’ que carrega a ideia grega de sistema organizado. Posto isto, considero que faríamos melhor em usar a expressão ‘cosmopercepção’.
Existe uma cosmopercepção cristã, que começa com a criação e senhorio de Jesus Cristo sobre o universo. Essa é uma percepção cristocêntrica dos sistemas e determina uma dinâmica peculiar, como por exemplo: “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim” Mt 10:37. Porque, ao contrário disso, na prática, pai, mãe, filho e filha se tornam mais importantes do que Cristo? A cosmopercepção cristã vem sendo desafiada pelo humanismo, onde o indivíduo é o centro. Em uma visão antropocêntrica, Cristo passa a servir ao homem e se torna acessório para a realização pessoal; deixa de ser autor e consumador da fé, para ser um meio pelo qual se adquire o que interessa.
Em um tempo muito semelhante ao nosso, quando o ventre foi o deus das pessoas, Paulo insistiu em restaurar a cosmopercepção cristã. Aos efésios, particularmente, uma forma de fazer isso foi estabelecer um paralelo com a percepção romana de mundo, plenamente expressa no militarismo conquistador do exército de Roma em seu auge. Paulo apresentou o modelo romano e substituiu seus elementos até fornecer uma percepção do universo que está de acordo com o mistério revelado, o eterno plano divino realizado em Cristo. Sem perceber corretamente o Cosmos, não é possível relacionar-se com Deus, não há verdadeira espiritualidade. Então, o esforço de Paulo se torna novamente urgente; voltemos, pois, ao que o apóstolo escreveu aos crentes em Éfeso.
O empenho do apóstolo Paulo em fazer com que seus ouvintes conhecessem o que Cristo quis revelar aos seus, me faz lembrar deste texto de Mateus 11:25-27.
Naquela ocasião, Jesus disse: “Eu te louvo, Pai, Senhor dos céus e da terra, porque escondeste estas coisas dos sábios e cultos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, pois assim foi do teu agrado. “Todas as coisas me foram entregues por meu Pai. Ninguém conhece o Filho a não ser o Pai, e ninguém conhece o Pai a não ser o Filho e aqueles a quem o Filho o quiser revelar.
Mateus 11:25-27 NVI
https://bible.com/bible/129/mat.11.25-27.NVI
Temos que em nosso dia a dia ter essa cosmopercepção, temos que olhar o mundo com os olhos da fé e não se deixar desviar pelas coisas do mundo e assim perceber que as coisas do mundo não são de pessoas mas de satanás que usa essas pessoas.
“… pois a nossa luta não é contra seres humanos, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais.” Ef 6:12.