05. Até que tudo se cumpra

Devocional dos alunos da Escola de Liderança da AMME para Adolescentes e Jovens. Esse devocional deve ser feito no dia 5 de dezembro. Leia o texto, medite sobre as perguntas no final e ore. (13 minutos de leitura)
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Qualquer governo se estabelece por uma lei. Porque para que alguém governe, sua vontade deve ser conhecida de todos. O governo de Deus também é assim, ele se expressa a partir da Lei, a partir da sua vontade que deve ser perfeitamente compreendida e interpretada, para ser praticada e ensinada a outros. Se, porém, alguém não anda de acordo com a Lei, se não atende à vontade manifesta de quem governa, o que é? Criminoso! Será julgado de acordo com a Lei e condenado. Em que a Graça muda isso? Não muda a Lei, mas a ênfase da condenação para a satisfação e o resultado. Nesse texto veremos que o sistema de condenação estabelecido pelos religiosos não produzia a satisfação e a realização da vontade de Deus. A nossa relação com a Lei é profundamente revista aqui. Prepare-se para essa mudança de pensamento que o Reino de Deus demanda.

A Palavra de Deus: Mateus 5:17-20
17 “Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir. 18 Digo-lhes a verdade: Enquanto existirem céus e terra, de forma alguma desaparecerá da Lei a menor letra ou o menor traço, até que tudo se cumpra. 19 Todo aquele que desobedecer a um desses mandamentos, ainda que dos menores, e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será chamado menor no Reino dos céus; mas todo aquele que praticar e ensinar estes mandamentos será chamado grande no Reino dos céus20 Pois eu lhes digo que se a justiça de vocês não for muito superior à dos fariseus e mestres da lei, de modo nenhum entrarão no Reino dos céus.

[V] Enquanto existirem céus e terra
Mateus iniciou essa primeira coleção dos ensinos de Jesus, que conhecemos coletivamente como ‘Sermão do Monte’, apresentando-o e ao seu ensino sobre a felicidade de modo muito solene. É como se Jesus fosse um novo Moisés trazendo novos Dez Mandamentos, e exigindo de seus seguidores a um caráter tão santo como a pureza do sal e a exclusividade da luz. Nos ensinos seguintes, vemos a apologia de Jesus sobre a Palavra de Deus, o Antigo Testamento expresso como a Lei e os Profetas, mostrando sua exata compreensão e íntegra interpretação. Esse texto supera qualquer dúvida que alguém poderia ter sobre o valor que Jesus dava a toda a Palavra de Deus revelada.

  • O que motivou Jesus a confrontar o pensamento de que ele teria vindo abolir o Antigo Testamento e como o Meste se posicionou sobre isso? 17 “Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir. É interessante notar que o termo traduzido como ‘pensem’ tem como base a mesma palavra usada para ‘Lei’, portanto, não estabeleçam como uma nova lei que eu vim para desatar o Antigo Testamento (como quem solta um animal para deixa-lo fugir). Jesus disse que veio para preencher ou completar o Antigo Testamento. Olhando para o contexto, percebemos que tanto a apresentação de novos mandamentos como a contestação da interpretação e prática das Escrituras, poderiam levar as pessoas a pensar que Jesus estava soltando o Antigo Testamento de seu lugar, tirando-o de sua posição.
  •  O que Jesus disse sobre a validade da Lei? 18 Digo-lhes a verdade: Enquanto existirem céus e terra, de forma alguma desaparecerá da Lei a menor letra ou o menor traço, até que tudo se cumpra. Na frase traduzida como ‘Digo-lhes a verdade’ Jesus usa o hebraico ‘amém’ para dizer que algo é exato, depois usa o termo que indica um argumento conclusivo, portanto: Amém, pois eu estabeleço para vocês… A menor letra (yod) é um sinal que pouco afeta o texto, já o menor traço (pequeno chifre) é um sinal distintivo que altera uma letra e, portanto, todo o seu significado. Portanto, embora em português a dupla figura de linguagem pareça ser repetitiva, ela tem o sentido de algo que pareça ter importância ou não, mesmo sendo pequeno. Já o termo traduzido como ‘se cumpra’ é, literalmente, vir a ser, passar a existir, ou se realizar. Portanto, para Jesus, o que determina a validade da Palavra de Deus, agora referida como a Lei, é sua realização. Sua vida estava dedicada a satisfazer as demandas da Palavra de Deus e ela deveria ser tornar realidade para todos.
  •  O que Jesus disse sobre a prática e o ensino dos mandamentos? 19 Todo aquele que desobedecer a um desses mandamentos, ainda que dos menores, e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será chamado menor no Reino dos céus; mas todo aquele que praticar e ensinar estes mandamentos será chamado grande no Reino dos céus. O termo usado para ‘desobedecer’ tem a mesma base que aquele usado por Jesus para dizer que ele não veio para abolir a Lei. Portanto, a ideia é a de desatar um mandamento, como quando se solta um animal para fugir ou um cinto para a roupa cair. O termo usado para ‘praticar’ é exatamente fazer, no sentido mais pragmático possível. Menores mandamentos e menor no Reino são a mesma palavra, um superlativo de ‘micro’, ou seja, o menor do menor. O interessante é que não somente o desatar ou o fazer, mas, em qualquer caso, também o ensinar determina a posição de alguém no Reino dos céus. Por outro lado, mesmo deixando fugir ou cair um mandamento e ensinando assim aos outros, essa pessoa ainda é chamada ou denominada no Reino dos céus, o governo de divino ainda a julga e classifica.
  • Como Jesus comparou seus discípulos com os fariseus, especialistas na Lei? 20 Pois eu lhes digo que se a justiça de vocês não for muito superior à dos fariseus e mestres da lei, de modo nenhum entrarão no Reino dos céus. Em seguida, Mateus apresenta a apologia bíblica de Jesus contra o ensino dos fariseus. Eles se apresentavam e eram conhecidos como especialistas na Lei. Então Jesus para de justiça. O termo usado no original é muito importante: gr. dikaiossuné traz o prefixo gr. díkē, que significa sentença ou juízo, aquilo que o juiz determinou, nesse caso Deus. Nosso sistema judicial separa o poder que faz as leis do poder que cuida de sua execução. Isso dificulta a compreensão da Lei nas Escrituras, onde a Lei é estabelecida pelo juiz, tendo, portanto, o efeito de uma sentença. Ela não é algo cuja prática será verificada posteriormente, mas uma determinação daquele que tem poder para condenar ou absolver. Nesse caso, não se fala de justiça como conduta, mas como senso ou entendimento: eu estabeleço que se o senso de vocês sobre o que é correto não for maior em todas as direções… Temos então a ideia de entrar ou não no Reino dos céus. Usualmente a Igreja interpreta isso escatológica mente, isso é, entrar ou não futuramente no céu. Contudo, estamos lidando com a proclamação do Reino dos céus que está aqui e, portanto, se requer uma mudança de pensamento. É o pensamento dos escribas e fariseus que está em questão, dos conhecedores e interpretes da Lei. Portanto, é fácil entender que com o senso de certo e errado que os escribas e fariseus tinham, ninguém seria governado por Deus.

[O] De forma alguma desaparecerá
Não há paralelo para essa passagem nos outros evangelhos. Pensando que Mateus foi escrito para os israelitas, é fácil perceber porque o pensamento de Jesus sobre o Antigo Testamento é tão importante. O princípio que o Mestre estabeleceu aqui, será exemplificado em seis ensinos das Escrituras em que o senso de justiça dos escribas e fariseus os leva para longe do governo de Deus (Mt 5:21-48). Fazendo apologia da Bíblia, Jesus estabelece uma teologia do texto, em que a exegese e hermenêutica, a compreensão e a interpretação devem apontar para a satisfação e realização da vontade de Deus. Isso também é o Evangelho do Reino.

  • Motivação: possivelmente pelo modo como Jesus ensinava, sua postura e seu conteúdo, as pessoas poderiam pensar que ele estava desatando, abolindo, deixando ir a Lei e os Profetas, para estabelecer uma nova ordem. Jesus quis esclarecer sua posição quanto à Palavra de Deus e, inclusive, ao modo como os religiosos a compreendiam e interpretavam. Isso motivou a apologia bíblica que encontramos aqui.
  • Ação: Jesus faz a apologia do Antigo Testamento, a defesa da Lei e dos Profetas, estabelecendo que cada parte deve ser satisfeita e realizada. A Palavra de Deus que criou os céus e a terra também permanece depois de eles deixarem de existir. Ao fazer isso, Jesus também estabeleceu o modo de sua missão, isto é, cumprindo as Escrituras, o que Mateus vai continuar evidenciando em todo o Evangelho.
  • Reação: o fruto que se espera desse ensino é descrito como uma justiça ‘quantitativamente maior em todos os sentidos’ do que a dos escribas e fariseus. Os discípulos de Jesus deveriam ser capazes de compreender e interpretar a Palavra de Deus de modo a satisfazê-la e realiza-la, ou seja, sua fé deveria ser voltada para os resultados.

[S] Até que tudo se cumpra
Jesus veio para satisfazer as Escrituras, disse que a Lei divina deve se realizar, e que a prática e o ensino dos mandamentos determinam o juízo de Deus sobre nós. Toda essa passagem e o ensino seguinte que a exemplifica, tratam da prática que devemos ter quando nosso pensamento foi mudado pela presença do Reino.

  • Diminuir: Jesus determina que não seja estabelecida uma nova lei, em que o Antigo Testamento seja abolido. Infelizmente continuamos lidando com isso e, a pretexto da Graça, muitos crentes não valorizam o Antigo Testamento como Jesus fazia. O apóstolo Paulo também achou necessário tratar desse assunto e disse: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra” 2Tm 3:16,17. Você tem se livrado de preconceitos contra o Antigo Testamento? Você sabe tomar o Antigo Testamento como a Escritura inspirada por Deus?
  • Aumentar: Jesus falou de a justiça, o senso do que é certo e errado ser, quantitativamente e em todas as direções, maior do que o dos escribas e fariseus. Para isso, a Escritura deve ser compreendida e interpretada buscando a satisfação e a realização da vontade de Deus. Mateus mostrou como Jesus viveu para cumprir a Palavra de Deus, e esse é o modelo que devemos seguir. Você tem buscado aumentar seu senso de justiça pela correta compreensão e interpretação das Escrituras? Você tem ido além do que as normas e regras da igreja exigem, para agradar a Deus e fazer a vontade dele?
  • Dividir: não somente a prática, mas também o ensino, das Escrituras determinam nossa posição sob o governo de Deus. O julgamento válido é o de Deus, e seu governo se estende sobre os que obedecem e os que não obedecem. Esse julgamento, finalmente, observa o que temos ensinado a outros. Podemos ensinar a desobedecer ou a obedecer, deixar de ensinar não é uma opção, até porque o nosso exemplo já é uma aula. O que você tem ensinado aos outros? O que as pessoas à sua volta têm aprendido com você acerca dos mandamentos de Deus?
  • Multiplicar: estar sob o governo de Deus, nessa passagem, depende de um senso de justiça superior. Esse senso de justiça só pode ser formado pela correta compreensão e interpretação da Palavra de Deus. Para ser governado por Deus é necessário entender corretamente o que ele determina em sua Palavra, e isso se obtém pelo ensino. Você tem ensinado a Palavra de Deus a outras pessoas como único meio de experimentarem o governo de Deus em suas vidas?

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Escola de Liderança para Adolescentes e Jovens
De 6 a 20 de janeiro em Ibiúna – SP
Encontro de Apologia Bíblica para Jovens
De 2 a 5 de março em Campina Grande – PB

4 comentários em “05. Até que tudo se cumpra”

  1. Antes desse devocional, para mim, era complicado ler esse texto, algumas vezes confundo o Reino de Deus, sempre logo relaciono o termo com a vida eterna no céu, mas sempre esqueço que o Reino de Deus é aqui na terra, e que preciso vive-lo a cada dia fazendo a vontade do Pai.

  2. A parte que mais me chamou atenção foi a DIMINUIÇÃO – A importância do antigo testamento na vida do cristão. Realmente temos esse preconceito, esquecemos do “toda escritura’. O antigo testamento além de lei tem muita graça, muito amor de Deus, muita misericórdia. É um verdadeiro livro de amor sobre a busca incansável de Deus por nós pecadores. Realmente devemos aprender com Cristo e valorizar as escrituras que assim testemunharemos o reino.

  3. O que me chama atenção é que sempre devemos ir além, buscar cada vez mais de Cristo e das escrituras, não se acomodar com o que já conhecemos, mas a cada dia mais nos dedicarmos a aprender mais de Deus.

  4. Algo que me atentei na introdução da devocional são os passos requeridos sobre cumprir a Lei: primeiro que a Lei deve ser totalmente compreendida, segundo interpretada, terceiro praticada, e quarto ensinada a outros.
    Para se cumprir a Lei e a vontade de Deus há um padrão de Cristo e centralizado na palavra, desde de compreender até ensinar a outros.

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